Câncer e atividade física

por Oncocentro Curitiba

Fazer exercícios físicos regulares pode melhorar a expectativa de vida de quem teve um câncer e até evitar que ele apareça.

Cerca de 40 especialistas se reuniram nos Estados Unidos para revisar e discutir a literatura científica sobre câncer e atividade física. O esforço foi condensado em três artigos.

O primeiro deles é focado em prevenção, e mostra indícios sólidos de que malhar ajuda a evitar sete tumores comuns: cólon, mama, endométrio, rins, bexiga, esôfago e estômago. Para ter ideia, o risco de ser diagnosticado com certos tipos de câncer é 69% menor entre os fisicamente ativos.

Exercícios depois do câncer

O segundo trabalho da série de recomendações é focado no que acontece depois do diagnóstico. Ele mostra um avanço considerável e bem-vindo nessa área, uma vez que a população de sobreviventes do câncer não para de crescer, hoje, ela está estimada em 43 milhões de pessoas no planeta.

A primeira diretriz publicada pelo mesmo grupo, em 2010, dizia em linhas gerais que se exercitar era aparentemente seguro para essa turma. A nova publicação confirma a suspeita, além de destacar um aumento de 261% nos estudos disponíveis sobre o impacto do exercício físico regular e controlado em diversos aspectos da vida pós-câncer.

Cada tipo da doença tem um comportamento e, muitas vezes, o paciente conviverá por anos com a neoplasia em si ou as suas consequências. Entre elas estão fadiga, depressão, perda de massa muscular, sequelas cirúrgicas, dores crônicas e perda de massa óssea.

Assim, é complicado fazer uma prescrição para todos. O ideal é olhar para essas condições específicas e criar um treino individualizado.

Quais tipos de atividade, com que frequência e intensidade?

Apesar da necessidade de individualização, um esquema é muito citado no documento: três sessões de exercícios na semana em intensidade moderada, de preferência combinando atividades aeróbicas (como correr e pedalar) ao treinamento de força. Os benefícios começam a aparecer geralmente depois de 12 semanas de prática constante.

Treinos supervisionados parecem ser mais eficazes. Na fase de combate, a supervisão ajuda a garantir segurança e aproveitar ao máximo o exercício. Depois do tratamento, o ideal é obter ao menos uma orientação inicial com um especialista.

Por que o exercício faz bem?

Há muitos motivos para justificar a importância do exercício no combate ao câncer. A atividade física melhora a imunidade, reduz a inflamação sistêmica, equilibra o hábito intestinal, o que é importante no caso dos tumores de cólon, além de promover uma composição corpórea adequada.

Vale destacar o último item, já que a obesidade, uma das consequências da inatividade, está associada a nada menos do que 13 tipos de câncer. Quando o tumor já se instalou, o movimento constante parece inibir sua progressão e favorecer a resposta do corpo ao tratamento, inclusive em situações mais sérias, como a presença de metástase em outros locais.

Linfedema não piora com exercício

Até pouco tempo atrás, se pensava que malhar poderia piorar o linfedema, uma retenção de líquidos que causa inchaço em um membro do corpo, essa é uma consequência comum em mulheres que passam por cirurgia para tratar o câncer de mama. A nova diretriz mostra que isso não ocorre. A novidade é importante, porque o exercício é vital para elas.

Implicações práticas

Por fim, o terceiro artigo produzido pelo grupo, e publicado no periódico CA: A Cancer Journal for Clinicians. Nele, mostramos que o exercício deve ser prescrito junto com o tratamento medicamentoso. A ideia é que, já nas primeiras consultas, o assunto seja trabalhado em três etapas: conhecer a capacidade física do indivíduo, aconselhar e, por fim, encaminhar para um especialista na área.

Manter-se ativo antes e depois do câncer depende muito da iniciativa própria, que sofre com os estigmas associados à doença.

 

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