Meninos também precisam tomar vacina contra HPV

por Oncocentro Curitiba

Vírus é responsável por 75% dos casos de câncer de amígdala e 32% dos de boca; apenas 22% dos meninos estão imunizados.

Atualmente, homens cada vez mais jovens e sem os fatores de risco clássicos – tabagismo e consumo excessivo de bebida alcoólica – são acometidos por tumores de boca e amígdala. O motivo é o mesmo que alarmou as mulheres no início dos anos 2000: o papilomavírus humano (HPV). Cerca de 75% dos casos de câncer de amígdala e 32% dos de boca estão relacionados ao vírus em homens entre 30 e 45 anos.

Para fazer frente ao problema, existe uma arma eficaz e segura: a vacina, que deve ser tomada quando ainda se é jovem, é capaz de proteger a população contra a maioria das infecções. Contudo, apesar de distribuída inclusive pela rede pública desde 2017, apenas 22% dos meninos no Brasil estão devidamente imunizados, segundo o Ministério da Saúde.

400 mil casos/ano pelo mundo

Desde os anos 2000 já é usual, tanto na rede pública quanto na privada, a vacinação de meninas contra HPV. Isso porque as cepas do vírus são causadoras de quase todos os casos de câncer de colo de útero. Contudo, o HPV tem a característica de se instalar em tecidos epiteliais e mucosas. Ou seja, não está presente apenas no colo uterino.

Hoje, é notório que o HPV é o responsável por 90% dos tumores de ânus e por cerca de metade dos de pênis, além dos casos de câncer de cabeça e pescoço, diretamente relacionados com sexo oral sem proteção. Vale ressaltar que os cânceres de boca e amígdala, juntos, são o 6º tipo de câncer no mundo, com 400 mil casos ao ano e 230 mil mortes.

A Oncocentro Curitiba afirma que, estimular a vacinação nos meninos significa contribuir para um programa racional e humano de saúde pública. Não apenas estaremos poupando recursos como salvando milhares de vidas todos os anos.

Confiança na vacina

Alguns relatos de doenças autoimunes, vasculares e neurológicas deliberadamente deflagrados na internet após a vacinação de meninas criaram alarde na população, o que diminuiu a adesão de pacientes de ambos os sexos. Especialistas, no entanto, advertem que tais conclusões estão equivocadas.

Na primeira fase da campanha de imunização foram vacinados quase 100% do público-alvo. Portanto, as meninas que já teriam predisposição para desenvolver alguma doença — seja de origem reumatológica, neurológica ou de qualquer outra espécie — ficaram doentes independentemente da vacina.

A ideia de que a vacina poderia agilizar o surgimento de doenças, funcionar como gatilho, é falsa. Se fosse verdade, já teriam identificado um aumento no número de jovens com doenças de tais espécies nessa faixa etária. E não é o que se observa.

A vacina é totalmente segura e aprovada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da OMS.

A vacina disponibilizada para os meninos é a quadrivalente, que já é oferecida desde 2014 pelo SUS para as meninas. Confere proteção contra quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18) e tem 98% de eficácia.

A partir dos 11 anos

O Brasil foi o primeiro país da América do Sul e o sétimo do mundo (atrás apenas de Estados Unidos, Austrália, Áustria, Israel, Porto Rico e Panamá) a oferecer a vacina contra o HPV para meninos em programas nacionais de imunização.

Em 2017, crianças de 11 anos começaram a ser vacinadas na rede pública. Conforme o Ministério da Saúde, a faixa etária deve ser ampliada, gradativamente até 2020, quando serão incluídos os meninos de 14 anos.

Por que tão jovens?

A proposta da imunização em idades precoces, tanto em meninas como em meninos, faz sentido. Os especialistas pretendem isolar a população-alvo antes de terem contato com o vírus.

A decisão de ampliar a vacinação para o sexo masculino está de acordo com as recomendações das Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunologia, Obstetrícia e Ginecologia, além de DST/AIDS e do mais importante órgão consultivo de imunização dos EUA (Advisory Committee on Imunization Practices).

Como funciona

O esquema vacinal contra HPV para os meninos é de duas doses, com seis meses de intervalo entre elas. Para os portadores de HIV, a faixa etária vai de 9 a 26 anos e o esquema vacinal é de três doses (intervalo de zero, dois e seis meses).

 

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