Tipos de tratamentos câncer cabeça e pescoço

por Oncocentro Curitiba

Os pacientes com câncer de cabeça e pescoço devem ser agrupados em quatro estágios, que influenciarão o tratamento. Aqueles com doença precoce, de pequeno volume e confinada ao órgão de origem, como cavidade oral ou laringe, por exemplo.

Aqui a doença é facilmente curável. Um segundo grupo consiste em pacientes com doença em estádio intermediário, com ou sem comprometimento dos linfonodos regionais. São doenças geralmente curáveis neste estágio. Um terceiro grupo, mais avançado, compreende doenças volumosas, com grande invasão local (o tumor se estende além do órgão de origem e invade órgãos vizinhos, como ossos, estruturas vasculares, ou as metástases nos linfonodos regionais, volumosas, invadem estruturas vizinhas). Neste grupo, as taxas de cura são baixas. E o último grupo, mais grave, se caracteriza pela presença de metástases à distância, quando as células tumorais atingem órgãos como pulmões ou outros órgãos. Neste estágio, a doença é geralmente incurável.

O tipo de tratamento é definido a partir do estágio e local em que a doença se apresenta. O tratamento que será mostrado a seguir refere-se exclusivamente ao carcinoma escamoso de cabeça e pescoço, que corresponde a mais de 90% dos casos.

Estádios precoces

- Em relação aos tumores de cavidade oral (boca), a cirurgia é o tratamento mais apropriado, associado a esvaziamento cervical, ou seja, retirada dos linfonodos do pescoço na maioria dos casos, principalmente naqueles com lesões mais profundas do que 4mm. A radioterapia pós-operatória está indicada para pacientes com margens de ressecção comprometidas em que não é possível a reoperação e também pode ser considerada para as lesões mais profundas, com invasão de nervos ou vasos sanguíneos.

- Em relação aos tumores de orofaringe não induzidos pela infecção do HPV, cirurgia e radioterapia tem bons resultados e estes são semelhantes a longo prazo, a escolha entre um tratamento ou outro deve ser individualizada para cada paciente. Por outro lado, os pacientes com tumores de orofaringe induzidos pelo HPV em geral tem prognóstico muito bom e podem receber radioterapia, com ou sem quimioterapia associada, com excelentes resultados em relação à sobrevida, ou ainda tratamento com cirurgia robótica.

- Os tumores de laringe nos estágios precoces devem ser tratados com radioterapia isolada ou cirurgia, sendo que além da cura o tratamento deve ter como objetivo a preservação da funcionalidade do órgão.

- Os tumores de hipofaringe diagnosticados precocemente são raros e, quando ocorrem, devem ser tratados preferencialmente com radioterapia, com ou sem quimioterapia. A radioterapia tem resultados semelhantes a cirurgia radical, porém com menores sequelas.

Estádios intermediários e avançados

Quando o tumor está nos estágios intermediários (III e IV), o carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço está associado a alto risco de recidiva local e metástases à distância. Nesses casos para os tumores de cavidade oral, o tratamento principal é cirúrgico com esvaziamento cervical seguido de radioterapia com ou sem quimioterapia a depender dos riscos de recorrência.

- Para tumores de orofaringe, o tratamento de escolha deverá ser radioterapia combinada à quimioterapia. Se a doença persistir localmente ou em linfonodos após a radioterapia, deverá ser considerado o resgate cirúrgico.

- Para os tumores de hipofaringe e laringe, quando a preservação de função da laringe é possível, deve ser considerada radioterapia combinada à quimioterapia concomitante ou tratamento sequencial com quimioterapia de indução seguida por radioterapia definitiva. Neste caso também, se a doença persistir localmente ou em linfonodos, o resgate cirúrgico deverá ser considerado. Nos casos em que não for possível preservar a funcionalidade do órgão, está indicada a cirurgia seguida de radioterapia, combinada ou não à quimioterapia, de acordo com as características da peça cirúrgica.

Quando os tumores são mais avançados, pode-se começar o tratamento com quimioterapia, de modo a se tentar reduzir o volume da doença e propiciar tratamentos definitivos como radioterapia ou cirurgia, posteriormente.

- Em relação aos tumores metastáticos (estágio IVC), a escolha de tratamento é baseada na combinação de quimioterapia com imunoterapia ou cetuximabe, de acordo com a expressão de uma proteína chamada PD-L1. É um tratamento de forma geral tóxico e que deve ser oferecido para pacientes com boas condições clínicas, sobretudo nutricionais. Neste sentido, alguns pacientes podem ser abordados exclusivamente com imunoterapia, a depender de características clínicas e patológicas. Neste estágio, o tratamento local com radioterapia, por exemplo, não costuma ser utilizada, exceto quando precisamos aliviar algum sintoma, como sangramento ou dor.

Importante ressaltar que o tratamento para câncer de cabeça e pescoço é multidisciplinar a fim de garantir melhor planejamento do plano de cuidados desde o diagnóstico ao tratamento. Assim sendo, a escolha do tratamento ideal requer informações multidisciplinares tais como localização do tumor primário e a extensão da doença, características individuais do paciente como idade, presença de comorbidades clínicas, e as expectativas e preferências diante do tratamento além das prováveis ​​consequências funcionais e morbidade de cada abordagem de tratamento.


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