A atividade física pode ser uma forte aliada no tratamento da leucemia
- por Oncocentro Curitiba
A prática de exercício físico pode ser uma forte aliada no tratamento da leucemia. Conhecida também como câncer de sangue, a doença debilita os pacientes e, muitas vezes, diminui a qualidade de vida.
Para amenizar esse desconforto, foi realizada uma pesquisa por especialistas do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), nesta pesquisa foi constatado que os efeitos da atividade física em pacientes de 6 a 18 anos melhora a coordenação motora, a capacidade respiratória e o aumento da força muscular. A atividade interferiu também nos efeitos psicológicos. Após a prática, os pesquisados apresentaram menor cansaço, além de menos depressão e irritabilidade.
O estudo analisou, a partir de testes na esteira e do programa de musculação intensa, a capacidade aeróbia e de força dos pacientes com leucemia, em fase de manutenção da doença há mais de seis meses. Esse período é considerado o mais crítico. Os participantes, que praticaram atividade física duas vezes por semana, durante três meses, apresentaram aumento substancial de força: cerca de 50%. Foi observado também a melhora na qualidade de vida deles, sem qualquer evidência de efeitos adversos.
Baixa Imunidade
Os pacientes ficam mais suscetíveis a doenças devido à queda na imunidade, o que não está relacionado à prática de exercícios físicos. De acordo com o onco-hematologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), a maioria das crianças desenvolvem leucemias agudas e, durante a maior parte do tratamento, a imunidade está comprometida em maior ou menor grau. Em determinados momentos, é necessário transfusão de sangue ou de plaquetas. Por isso é que podem contrair doenças com mais facilidade do que as pessoas saudáveis.
O exercício pode ser iniciado assim que for feito o diagnóstico da doença, justamente para que a criança possa suportar melhor a quimioterapia. A ressalva é que a atividade deve ser feita por prescrição do médico e do educador físico que tenham conhecimento e experiência, para saber a dosagem ideal do exercício. Os programas que englobam força, flexibilidade e exercícios aeróbios são recomendados para todas as idades. As contraindicações são as mesmas para todas as pessoas, como febre, citopenia (baixa em alguma série hematológica), doença cardíaca não controlada e nefrite grave.
O incentivo à atividade física regular em ambiente adequado, sob orientação e respeitando os limites e a disposição da criança é altamente recomendável e certamente poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida.
Confira a seguir algumas dúvidas que podem surgir sobre pacientes diagnosticados com leucemia e a atividade física:
Pacientes leucêmicos, sobretudo crianças, podem praticar atividade física durante o tratamento?
No início do tratamento, logo após o diagnóstico, as crianças apresentam dores ósseas ou articulares e palidez progressiva, o que leva à um estado de hipoatividade. Algumas até param de andar. Na admissão, grande percentagem deles tem musculatura hipotrófica e sem força. Pela anemia, a menor oxigenação dos tecidos faz com que eles se cansem mais facilmente. A primeira fase do tratamento de quimioterapia intensiva, visa induzir remissão, isto é, destruir as células leucêmicas na medula, até que seja possível, brotar, células normais da própria criança. Esta é uma fase muito delicada, onde o risco de infecções graves e sangramentos incontroláveis podem acontecer. Uma estrutura pesada de médicos especialistas, de antibióticos de largo espectro e de hemoderivados, devem ser cuidadosamente disponibilizadas para apoiar o tratamento quimioterápico. Os efeitos colaterais da quimioterapia como náuseas, vômitos, neuropatia periférica, mucosites e perda de paladar alteram o humor e a disposição da criança. Ainda temos que considerar o imenso fardo emocional que o diagnóstico, as rotinas de coletas de exames, internações, transfusões, infusão de quimioterapia por via endovenosa, trazem sentimentos de medo, ansiedade e perda da liberdade. A vida familiar muda, os sonhos e programações são adiados. Estimular o lúdico e as atividades físicas é altamente positivo para crianças nessa fase. Com orientação e cuidados, para que sejam respeitados seus limites, a atividades os ajudarão a minimizar os períodos de ansiedade, irritabilidade, além de possibilitar interação com outras crianças, num programa de atividade incentivada.
A partir de que idade e de que fase do tratamento a criança pode praticar atividade física?
Respeitando os limites, incentivar que saiam do leito e caminhem, façam atividades físicas será sempre um benéfico. Porém, na fase da quimioterapia de manutenção, as crianças estarão mais apropriadas a um programa regular, como o proposto na pesquisa ora concluída. Nesta, um grupo de crianças adolescentes entre 6 e 8 anos, em tratamento de leucemia, foram submetidos à atividade física de musculação 2 vezes por semana, durante três meses, e se observou melhora da força muscular e qualidade de vida das crianças.
Como fica o organismo dos pacientes/crianças leucêmicos durante o tratamento?
Na fase inicial, as crianças apresentam-se hipoativas, anêmicas, às vezes já com processos infeciosos instalados, algumas em estado grave, outras com estado geral comprometido. Os mecanismos de defesa próprios do organismo contra infecções estão interrompidos e o riscos de infecções oportunistas é muito grande. Assim, também há o risco de hemorragia, que deve ser regularmente monitorado. Nestas fases, deve-se evitar situações de risco para traumas e quedas.
Durante o tratamento, existe alguma contraindicação?
A orientação é de manter a alimentação saudável, com alimentos de preparo adequado e sempre cozidos. Preferência por ambientes abertos, evitar contatos com indivíduos com doenças infeciosas, como a catapora e gripes. Por exemplo, a catapora ou varicela, infecção comum na infância, na criança em tratamento para leucemia, que está imunossuprimida com seu sistema de defesa comprometido, pode vir a se manifestar de maneira gravíssima. A doença pode ter comprometimento pulmonar e de outros órgãos internos. O incentivo à atividade física regular em ambiente adequado, sob orientação e respeitando os limites e disposição da criança, é altamente recomendável, e certamente poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida.
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