Alimentação e quimioterapia
- por Oncocentro Curitiba
Além dos efeitos indesejados que a quimioterapia pode causar, o paciente oncológico também enfrenta uma série de dúvidas referentes ao que pode ou não comer durante o tratamento.
Pacientes costumam pesquisar muito sobre a própria doença, e com tanto conteúdo contraditório na internet, ficam as perguntas. Carne de porco faz mal? Chá verde prejudica a químio? Tem problema comer alimentos ácidos? Tais questões não são irrelevantes. Já que o risco de um paciente com câncer ter desnutrição é três vezes maior que o observado em portadores de outras doenças.
Veja a seguir as dúvidas mais ouvidas nos ambulatórios oncológicos sobre este assunto.
Posso comer carne de porco durante o tratamento, ou atrapalha o processo de cicatrização?
Não há nenhuma base científica sobre a relação do consumo da carne porco e o processo de cicatrização. As alegações de que atrapalham o tratamento fazem parte da cultura alimentar da população, mas sem evidências. A carne de porco, que é a mais consumida no mundo, é rica em vitaminas do Complexo B, principalmente B6 e B12. A dica é que os pacientes prefiram carnes de porco magras, como o lombo, e que ele seja assado.
E carne vermelha? Ela aumenta o tumor?
A ingestão de carne vermelha tem sido relacionada à predisposição para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, principalmente de intestino. As nitrosaminas compostos produzidos a partir de nitritos e aminas, são conhecidas como agentes carcinogênicos e estão presentes em vários gêneros alimentícios, como frutos do mar, queijos e nas carnes vermelhas.
No entanto, durante a quimioterapia não há uma restrição específica para a carne vermelha. Além disso, não existe essa ideia de ela aumentar o tumor. O que se preconiza é o consumo moderado, sem a necessidade de retirar o alimento por completo das refeições. Portanto, deve-se priorizar a variedade do que ingerimos, enfatizando o consumo de frutas, legumes e verduras, assim como a redução de açúcares e gorduras.
* Dica: O problema não é a carne vermelha, em si, mas a quantidade ingerida, que deve ser de até 300g por semana, o que equivale a cerca de três bifes grandes. Atenção: por semana!
Chá verde deve ser evitado durante a químio?
O chá verde é comumente consumido como forma de contribuir para a prevenção do câncer por ser rico em flavonoides, atuando na ação antioxidante, anti-inflamatória, antirreumática e anticâncer (protegendo o sistema de reparo do DNA). Contudo, durante o tratamento quimioterápico o chá verde pode prejudicar a eficácia de algumas drogas. É importante ressaltar que são necessários mais estudos sobre este tema. Na dúvida, consulte seu oncologista sobre a ingestão da bebida.
O paciente não pode comer graviola?
A graviola deve ser evitada, pois o seu consumo durante o tratamento é tóxico para o fígado e rins. Como qualquer medicamento, as plantas não devem ser usadas indiscriminadamente, pois os princípios ativos que são benéficos para uma determinada doença pode ser danosos ou sem efeito para portadores de outras. Deste modo, a equipe médica e multidisciplinar deve ser informada e até mesmo questionar os pacientes sobre o uso de ervas e plantas. O chá da folha da graviola tem sido popularmente divulgado, sem que haja estudos científicos relevantes sobre a utilização do mesmo.
Gengibre é recomendado para pacientes em quimioterapia?
O gengibre é um aliado do paciente em tratamento quimioterápico. Ele tem ação antiemética (alivia enjoos, náuseas e vômitos) e anti-inflamatória. Estudos corroboram com a indicação de que uma colher de chá de gengibre pode diminuir as náuseas associadas ao tratamento de quimioterapia, efeito presente em torno de 70% dos pacientes. É importante frisar que não há necessidade de consumir o gengibre em cápsulas, pois a própria raiz pode ser adicionada ao preparo de chás, sucos e milkshakes, contribuindo na diminuição dos sintomas durante o tratamento.
Devo tirar do cardápio os alimentos ácidos?
Durante a quimioterapia deve-se “evitar”, mas não é necessário “excluir” os alimentos ácidos. A recomendação busca prevenir o surgimento de feridas na boca (mucosite).
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