Colocando a mão na massa com a garotada na cozinha

por Oncocentro Curitiba

Quer ver seu filho experimentando novos alimentos e comendo melhor? Incentive-o a colocar a mão na massa (e na salada, na torta, no frango...).

Nos consultórios pediátricos, a queixa é clássica: “Meu filho não come, doutor”. E as maiores vítimas de rejeição, relatam os pais, são verduras, legumes e frutas. Mas de onde vem a história de que a molecada não gosta desse grupo de alimentos? A dificuldade de aceitação de vegetais é notória, mas, por outro lado, a oferta também é limitada. No menu infantil dos restaurantes, por exemplo, só costumamos encontrar a batata, seja frita ou no purê.

Em casa, a situação não é muito melhor. Há pais que encaram o consumo de itens saudáveis e até mesmo a refeição apenas como obrigatoriedades. Mas e o prazer? Ora, se a salada é apresentada sem capricho ou composta dos mesmos itens todo dia, sobe o risco de a meninada desenvolver, com o tempo, uma antipatia pela porção colorida (e vitaminada) do prato. E isso também vale para arroz, frango, macarrão e por aí vai.

Quer ver a história piorar? Boa parte das crianças dá suas garfadas de maneira automática, geralmente em frente à televisão. Dessa forma, não estabelece vínculo algum com os alimentos. Mas como estimular o interesse pela comida de verdade desde o início da vida e, assim, diminuir o abismo entre o apetite da garotada e os brócolis? Uma das principais apostas para aproximar as duas pontas é convidar meninos e meninas a desvendarem o mundo mágico da gastronomia. E não como meros espectadores.

Quanto maior o envolvimento no preparo das refeições, mais fácil é educar sobre alimentação. Até porque a participação da criança nesse processo aumenta a chance de ela experimentar o resultado final. Pode se observar na prática o efeito positivo que essa inclusão tem no entusiasmo das crianças por ingredientes que favorecem a saúde.

Um dos segredos para fazer maçãs, peixes, feijões e afins virarem parte da infância (e do resto da vida) é mostrar a vasta diversidade de sabores e texturas de cada alimento assim que acabar a fase das papinhas – ou seja, normalmente após o primeiro aniversário. É que os bebês estão mais abertos às novidades. O paladar é desenvolvido principalmente até os 2 anos de idade. Tudo o que for apresentado nesse período colabora na sua construção. Passada essa etapa, fica um pouco mais difícil aceitar novas experiências. Assim que surge a curiosidade sobre o que se está comendo, deve-se introduzir a culinária. As tarefas evoluem com o crescimento do pimpolho e seguem algumas regras para evitar acidentes. Tudo precisa ser feito sem cobranças e de forma lúdica para reforçar que há, sim, prazer em arregaçar as mangas. Até pequenas colaborações, como pegar um produto no armário ou na geladeira, fazem a molecada se sentir incluída e, aos poucos, ganhar intimidade com a cozinha. Dar autonomia na escolha do conteúdo da lancheira e na montagem do prato à mesa também instiga o interesse por uma alimentação mais equilibrada.

Se o tempo em casa é curto, breves momentos de contato com os bastidores da refeição já fazem diferença. Na hora do lanche, em vez de só dar a fruta picada, mostre sua textura, conte sobre sua origem e explique por que comê-la é uma boa ideia. Na verdade, os ensinamentos são bem-vindos sempre. Vale explicar que o ovo do almoço é importante para o crescimento, que a cenoura do jantar faz bem para os olhos. Em um enredo ideal, cada ingrediente e etapa vêm acompanhados de uma saborosa narrativa. Mesmo se a receita der errado, há uma lição poderosa no final da história: lidar com as expectativas.

Comendo o pão que a criança amassou

Nutrir o corpo é só uma das vantagens de frequentar a cozinha. O pequeno chef exercita a paciência, porque precisa esperar algo ficar pronto, e pratica matemática ao calcular as medidas dos ingredientes. Ele também se aproxima das aulas de ciências, já que aprende, por exemplo, como o calor vindo do fogo transforma elementos soltos em um prato bonito e gostoso. Conforme a idade aumenta, a culinária contribui ainda para afirmar sua individualidade. Sem contar o senso de cooperação e compartilhamento embutidos na prática.

A convivência em família também ganha um tempero especial. Cozinhar é uma atividade divertida e criativa, além de ser um dos raros momentos em que filhos e pais podem se dedicar juntos a algo.

O início da aventura

Os especialistas são unânimes: a participação infantil se estende inclusive às idas ao supermercado. Esse momento não precisa ser estressante. É só transformar as compras em uma brincadeira. Vale eleger cores da vez e procurar os ingredientes necessários para receitas especiais — como um prato roxo. Não dá para fazer isso sempre, claro. Mas o processo anima e abre caminho para o preparo em casa.

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