Exames de rastreamento oncológicos podem reduzir significativamente a mortalidade
- por Oncocentro Curitiba
O câncer é, de maneira geral, uma doença silenciosa. Muitas pessoas que têm câncer não percebem nenhum sintoma de sua presença no estágio mais inicial, característica que torna sua detecção precoce mais difícil.
Assim, perde-se um tempo precioso para o tratamento que poderia reduzir significativamente a mortalidade de muitos tipos da doença. Como resolver essa questão e garantir que pessoas aparentemente saudáveis realizem exames para detecção do câncer? A resposta está nas políticas de rastreamento oncológico.
O rastreamento consiste na realização de exames em pessoas sem sintomas, integrantes de um determinado grupo populacional no qual a incidência de certo tipo de câncer é mais alta. Seu objetivo é identificar a possibilidade de existência de tumores em estágios iniciais, com chance de acesso mais rápido ao tratamento, reduzindo a mortalidade e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Normalmente, o exame realizado nessa fase detecta, caso presentes, alterações que podem indicar o câncer, sendo necessário, posteriormente, realizar outros procedimentos confirmatórios para se ter o diagnóstico definitivo. Esses exames adicionais já não são considerados de rastreamento e sim de diagnóstico.
Quando falamos sobre câncer de mama esta diferença fica mais clara. A mamografia é o único exame recomendado para realização de rastreamento populacional de câncer de mama. Quando uma mulher sem sintomas atende o chamado de uma campanha de conscientização sobre o câncer de mama ou mesmo sabe que está na hora de realizar a sua mamografia de rotina e vai até um posto de saúde ou consultório para agendar uma mamografia, esta é uma mamografia de rastreamento. No entanto, a mamografia pode ser solicitada pelo médico quando a mulher vai ao consultório porque reparou sozinha uma alteração em sua mama ou mesmo em função de alguma alteração identificada em exame prévio de rastreamento. Nesse caso, como há suspeita de câncer, essa será uma mamografia de diagnóstico, que vai investigar a alteração detectada. Além da mamografia complementar sugerida nesse exemplo realizada na etapa diagnóstica (que pode ou não ser necessária, dependendo de cada caso), a biópsia é outro exame diagnóstico necessário para elucidar a doença.
Rastreamento de Câncer de Mama no Brasil
A Lei 11.664/2008 define que a mamografia de rastreamento deveria ser realizada no Brasil anualmente em todas as mulheres com idade entre 40 e 69 anos. A Sociedade Brasileira de Mastologia defende que essa seja a regra seguida, mas o Ministério da Saúde adota como diretriz uma portaria posterior, que define que apenas mulheres entre 50 a 69 anos realizem o exame de rastreamento, com o máximo de dois anos entre os exames. A maior incidência de casos de câncer de mama ocorre entre 50 e 69 anos, mas entre 40 e 49 anos essa taxa ainda é expressiva. Os serviços de saúde pública, no entanto, seguem a determinação do Ministério da Saúde.
Existem ainda os casos de pacientes com risco elevado para o câncer, ou seja, aqueles que apresentam características adicionais que aumentam o risco de desenvolver tumores, para além de integrarem uma faixa populacional específica. Esses também precisam fazer exames periódicos para detecção oncológica, mas com frequência e idade inicial de realização determinadas pelo médico que acompanha o caso. História familiar de pelo menos um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama abaixo dos 50 anos de idade, ou com diagnóstico de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer idade, ou história familiar de câncer de mama masculino são alguns fatores que elevam o risco para o câncer de mama.