Fundador do Instituto Vencer o Câncer alerta para continuidade do tratamento do câncer e de outras doenças durante quarentena

por Oncocentro Curitiba

O oncologista Dr. Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer, em entrevista para o apresentador Fausto Silva, também fala dos sintomas da COVID-19, explica quando o infectado deve procurar um hospital e ressalta a importância de manter o distanciamento social

Há mais de 60 dias de quarentena respeitando as orientações do Ministério da Saúde para conter a pandemia da COVID-19, Faustão, de sua casa, conversou com o médico Dr. Fernando Maluf. O apresentador do Domingão pediu para o oncologista esclarecer para a população a importância de se proteger contra o coronavírus e também de continuar se cuidando contra outras doenças também perigosas, como câncer, a diabete, doenças reumatológicas e outras. Muitos pacientes deixaram os tratamentos sem falar com seus médicos por medo de ir ao consultório ou ao hospital.

O medico também falou sobre os sintomas da COVID-19, explicou quando o infectado deve procurar um hospital e ressaltou a importância de manter o distanciamento social.

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Veja todas as perguntas e respostas:

Faustão: Os jornais divulgaram que mais 50 mil diagnosticados com câncer estão sem tratamento porque essas pessoas têm medo de ir ao hospital público e pagar a COVID.

Dr. Fernando:
 Existe um número muito grande de pacientes com câncer que abandonaram o tratamento por conta própria, sem conversar com o seu médico, o que é um erro. Primeiro, o nosso grupo médico criou protocolos que conseguem mudar algumas condutas oncológicas, mantendo a mesma taxa de cura e sucesso, mas, ao mesmo tempo, diminuindo o risco por infecção e complicação por COVID.

A consequência disso: o número de mortes por câncer na Inglaterra vai aumentar de 20% a 60%, nos Estados Unidos, nos últimos três meses, mais de 100 mil casos deixaram de ser diagnosticados com câncer, no Brasil, a história é a mesma. O que quero dizer é que o câncer, o infarto, o diabetes, as doenças reumatológicas e pulmonares não vão dar férias para as pessoas por causa da COVID-19, elas vão continuar acontecendo. Se os pacientes não tiverem a consciência de proteção máxima contra o vírus e ao mesmo tempo não descuidar de outras situações importantes de saúde, vamos ter não só muitas doenças pela COVID-19, mas também muitas mortes por outras doenças que podiam ser evitadas.

Faustão: No ano passado, o senhor mostrava com entusiasmo os progressos na cura do câncer. Claro que depende do paciente e de quando foi diagnosticado, mas o progresso que a pessoa tenha mais 10, 15 anos de vida com uma boa condição isso era cada vez mais forte. Hoje, com a COVID, isso não é mais da mesma maneira?

Dr. Fernando: Não tenho dúvidas. A medicina vem avançando muito. A minha área, a oncologia, tem propiciado resultados fantástico com novas alternativas, cirurgias, remédios, radioterapia. Estamos com um projeto importante que está no congresso e no senado que se passar vai permitir que as medicações orais contra o câncer sejam disponibilizadas logo depois da sua aprovação no país. As medicações orais contra o câncer passam por uma burocracia e demoram três anos a mais do que as medicações endovenosas para serem aprovadas. Temos 30 mil brasileiros prejudicados em termos de cura.

Faustão: A grande maioria tem respeitado e valorizado os profissionais da saúde pública, que estão no fronte, se expondo para salvar vidas. O Brasil é recordista em morte e perda de médicos e enfermeiros de COVID. É para fazer uma reflexão profunda sobre os profissionais da saúde pública que trabalham sem condições, salários que não adequados e sem equipamentos.

Dr. Fernando: 
Nós, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, secretárias do pronto-socorro, pessoas da segurança, não temos opção. Não temos opção porque achamos ruim, temos uma missão e obrigação fazer o que estamos fazendo. Estamos fazendo o que juramos fazer quando nos formamos em Medicina. Os profissionais do país têm tido uma conduta exemplar, fazendo o máximo para poder ajudar o maior número de pessoas possíveis.

Faustão: Quase 60 dias de quarentena. Não tem remédio e não tem vacina. Em relação ao coronavírus, o que temos que fazer?

Dr.Fernando: Apesar de muita gente ter falado de remédios para tratar os pacientes de coronavírus e diminuir a chance de complicação, não temos nada efetivo. O melhor tratamento é evitar que as pessoas se infectem com o vírus, e o melhor jeito de evitar é o isolamento social. Junto com isso, a higienização das mãos, evitar compartilhar talheres, pratos. Para as pessoas que têm algum sintoma, entra a testagem para saber se ela está infectada e para poder fazer um isolamento dessa pessoa em relação aos que estão convivendo com ela.

Faustão: A humanidade aprendeu que lavar as mãos eficientemente e várias vezes ao dia é fundamental, o confinamento de ficar em casa, um distante do outro, não colocar as mãos no rosto, tudo isso vai continuar, porque outras pandemias e doenças vão voltar?

Dr. Fernando: 
Tem uma discussão muito ampla da questão econômica, do desemprego, e da violência. Eu falo que, hoje, temos um cobertor curto e não cobre o corpo inteiro. Não tem nenhuma decisão fácil, todas vão ter perdas e ganhos. A gente, na verdade, tem que tomar decisões balanceadas. Os países que fizeram o isolamento mais efetivo tiveram uma recuperação da saúde e econômica mais rápidas. Claro que o Brasil é diferente da Alemanha, da Inglaterra, mas a questão do isolamento ainda é a melhor estratégia, sei que tem uma série de consequências.

Faustão: A galera tem dúvida em relação aos sintomas após a contagio do vírus. Quais condições elas devem se preocupar?

Dr. Fernando: Tem um percentual relativamente grande das pessoas que não têm sintomas. Elas foram infectadas pelo vírus, são transmissoras e não têm sintomas. Quando tem sintomas, a maioria tem sintomas leves: tosse, febre, coriza, dor muscular, cansaço e falta de apetite. Um percentual menor de casos vai ter os sintomas mais grave que é a falta de ar. Esse sim leva a pessoa caminhar rapidamente para o pronto-socorro. A falta de ar é o mais perigoso de todos. E também as febres persistentes. Lembrar um ponto importante o nosso sistema de saúde público já vivia eventualmente lotado antes da COVID-19. Agora, com esse número de casos aparecendo, o sistema começa a entrar em colapso.

Fonte: Globo.com

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