Novembro Azul: Mitos e Verdades sobre o Câncer de Próstata
- por Oncocentro Curitiba
No Brasil, os homens vivem em média 7 anos a menos do que as mulheres. E, ainda assim, eles não têm o hábito de ir ao médico regularmente.
Dados do Ministério da Saúde mostram que um terço dos brasileiros não se cuida como deveria e 70% dos homens brasileiros só vão ao médico por influência da família. A falta de procura por médico e principalmente um check-up anual, aumenta as chances de detecção de doenças em estágio avançado, como o câncer de próstata.
Por isso, a Sociedade Brasileira de Urologia criou o Novembro Azul, campanha que busca chamar a atenção para o diagnóstico precoce do câncer de próstata e também para a saúde do homem de forma global. Esta é uma das doenças que mais acomete a população masculina segundo a Organização Mundial da Saúde, até 2030 serão 27 milhões de novos casos, 17 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivendo com a enfermidade. Os lugares mais afetados serão os países em desenvolvimento.
Se alguns tipos de câncer vêm registrando queda, como o de estômago e fígado, outros só aumentam. É o caso do câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais incidente no país, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, em terceiro lugar vem o de mama, seguido de cólon e reto e, depois, pulmão e brônquios. A taxa de incidência é alta e a de mortalidade também. A cada dia, 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente 3 milhões vivem com a doença.
Essa é a segunda maior causa de morte por câncer em homens no Brasil. São estimados para este ano 68.220 novos casos. Apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes com câncer de próstata ainda morrem devido à doença, segundo a SBU. No sentindo oposto, caso haja uma detecção precoce, as chances de cura chegam a 90%.
Atualmente, cerca de 20% ainda são diagnosticados em estágios avançados, embora um declínio importante tenha ocorrido nas últimas décadas em decorrência, principalmente, de políticas de rastreamento da doença e maior conscientização da população masculina.
Confira a seguir alguns mitos e verdades sobre o câncer de próstata
- O câncer de próstata é uma doença do idoso?
MITO: Como regra geral, podemos dizer que a incidência do câncer de próstata guarda certa relação com a idade. Ou seja, é de 50% na faixa dos 50 anos de idade, cerca de 70% aos 70 anos, e assim por diante. Apesar de o risco para a doença aumentar significativamente após os 50 anos, cerca de 40% dos casos são diagnosticados em homens abaixo desta idade. Portanto, homens de todas as idades devem ficar atentos aos fatores de risco.
- Ter pai, irmão ou tio com doença aumenta meu risco?
VERDADE: A hereditariedade é um dos principais fatores de risco para a doença. Um parente de primeiro grau com a doença duplica as chances. Dois familiares ou mais com a doença aumentam essa chance em cinco ou até dez vezes. Para quem tem casos na família, o recomendado pela Sociedade Brasileira de Urologia é procurar um urologista a partir dos 40 anos.
- Homens afrodescendentes têm maior risco de desenvolver a doença?
VERDADE: Estudos apontam que afrodescendentes têm risco 60% maior de desenvolver a doença e a taxa de mortalidade é três vezes mais alta.
- O tamanho do dedo indicador revela o risco de câncer de próstata?
VERDADE: O dedo indicador mais longo do que o anelar indica que o homem tem 33% a menos de chance de desenvolver a doença. Isso porque o tamanho do dedo indicador está inversamente relacionado à exposição de testosterona intra-útero. E níveis mais baixos de testosterona antes do nascimento protegem, segundo estudos, contra o câncer de próstata.
- O sedentarismo pode aumentar o risco para desenvolvimento do câncer de próstata?
VERDADE: O sedentarismo e a obesidade estão relacionados a alterações metabólicas que podem levar a alterações moleculares responsáveis pela gênese da neoplasia.
- A atividade física regular tem um papel relevante na prevenção e no tratamento?
VERDADE: Essa prática saudável pode agir de modo protetor e tem sido um fator modificável para o câncer de próstata por causa dos seus potenciais efeitos: fortalecimento imunológico, prevenção da obesidade, capacidade do exercício em modular os níveis hormonais, redução do estresse.
- O câncer de próstata não apresenta sintomas em fase inicial?
VERDADE: Em estágio inicial, quando as chances de cura beiram 90%, a doença não apresenta qualquer sintoma e quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Nesta fase, os sintomas são dor óssea, dores ao urinar, vontade de urinar com frequência, presença de sangue na urina e/ou no sêmen. Geralmente, os principais sintomas relacionados à próstata são devido a hiperplasia prostática, crescimento benigno da glândula, como jato urinário mais fraco, sensação de urgência miccional ou esvaziamento incompleto da bexiga, entre outros.
- O toque retal é importante essencial para diagnóstico?
VERDADE: Apesar de tabu entre os homens, o exame não causa dor. O diagnóstico do câncer de próstata é realizado por meio do exame clínico (toque retal) associado ao exame da dosagem do antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês – enzima naturalmente produzida pela glândula) no sangue. Nos casos suspeitos, é indicada a realização da biópsia prostática.
- Já existe exame que elimina a necessidade do toque retal?
MITO: O toque retal não só no Brasil, mas também no mundo todo, ainda é considerado fundamental na detecção da doença. Ele deve ser realizado anualmente a partir dos 50 anos. Já quem tem histórico na família deve procurar um urologista um pouco antes, aos 45 anos. No entanto, alterações na concentração desse antígeno podem estar associadas a outras enfermidades, como inflamação e infecção da próstata. Por isso, muitos homens acabam submetidos, inclusive, a biópsias sem necessidade. Uma esperança para evitar isso é a chegada ao Brasil do phi, índice de saúde da próstata. O exame faz uma relação entre o PSA livre, o PSA total e uma isoforma do PSA, o p2PSA, garantindo uma maior precisão sobre a condição do paciente e evitando até 30% de biópsias desnecessárias.
- Andar de moto, bicicleta e atividade sexual devem ser evitadas antes do PSA?
VERDADE: Essas atividades podem elevar a concentração do PSA total no sangue, produzindo resultados alterados, comprometendo a interpretação dos mesmos. Por isso, devem ser evitadas no período de 72 a 48 horas que precedem a realização do exame.
- PSA aumentado é sinal de que tenho câncer de próstata?
MITO: Quando o homem envelhece, sua próstata começa a aumentar. Esse processo é chamado de hiperplasia prostática benigna e não está relacionada ao câncer de próstata. O antígeno prostático pode apresentar alterações em várias situações que não o câncer, como a hiperplasia benigna da próstata, prostatite (uma inflamação) e trauma. Por isso, são importantes a avaliação médica e o toque retal. Nesses casos, é importante o acompanhamento médico, pois o problema pode incomodar e levar a complicações, como infecção urinária e insuficiência renal.
- PSA baixo é sinal de que não tenho câncer de próstata?
MITO: O câncer de próstata está presente em 15% dos homens com níveis normais de PSA, e o teste é útil para diagnóstico. Porém, para se ter uma análise completa do caso, é importante o exame de toque retal e biópsia da próstata.
-Todos os casos de câncer de próstata precisam de tratamento?
MITO: A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, como estado de saúde atual, estadiamento da doença e expectativa de vida. Em casos de tumores de baixa agressividade, há a opção da vigilância ativa, na qual periodicamente se faz um monitoramento da evolução da doença, intervindo se houver progressão da mesma.
- Cirurgias com robôs podem tratar câncer de próstata?
VERDADE: A importância do diagnóstico precoce tem relação direta com a eficácia da terapêutica e depende do tamanho e da classificação do tumor. O procedimento é realizado com o auxílio de um robô que possibilita ao cirurgião ter uma visão ampliada e em três dimensões. A incisão realizada no paciente também é menor quando comparada a cirurgia convencional, proporcionando posteriormente mais qualidade de vida para o paciente.