Que alimentos podem ajudar no tratamento do câncer infantil?

por Oncocentro Curitiba

A alimentação infantil, em situações comuns, já tem uma grande importância considerando sua influência no desenvolvimento do jovem.

Quando a criança ou adolescente recebe o diagnóstico de câncer, a alimentação passa a ter um papel ainda mais fundamental. Nesses casos, além de ter que suprir as necessidades do corpo para que aquela pessoa cresça de forma saudável, também precisa fornecer energia para tolerar o tratamento.

Enfrentar dificuldades para comer é uma situação comum para quem está passando pelo tratamento contra uma neoplasia maligna. No caso do câncer infantil, não é diferente. Esses pacientes também podem apresentar perda de apetite, enjoos, alteração no paladar, boca seca e diarreia.

Quando uma criança ou adolescente inicia um tratamento oncológico, um dos maiores desafios é garantir o fornecimento de uma alimentação que seja nutritiva e atraente. Também é preciso que supra toda a demanda metabólica exigida para recuperação imunológica, sem comprometer o crescimento e o desenvolvimento que naturalmente devem ocorrer nas crianças e adolescentes.

Para criar uma dieta que ofereça todos esses nutrientes, é essencial avaliar cada paciente individualmente e conhecer sua família. Dessa forma, é possível sugerir uma alimentação que considere a dinâmica alimentar daquelas pessoas e a melhor estratégia nutricional para o período do tratamento.

O que está proibido na alimentação infantil durante o tratamento oncológico?

Em geral, nenhum alimento está proibido, apenas é preciso tomar alguns cuidados com as chamadas “tranqueiras”. Por exemplo, doces, frituras, salgadinhos etc. Entretanto, caso seja preciso controlar a glicemia, quantidade de açúcar no sangue, ou a pressão, pode ser preciso cortar esse tipo de comida.

Poucos alimentos são excluídos durante o tratamento do câncer infantil. Contanto que ele seja saudável e bem aceito pelo paciente, deve ser incluído na alimentação infantil, mesmo se fornecer pouca caloria.

Os doces, frituras, devem ser consumidos com muita moderação. Pois além de serem isentos de nutrientes essenciais, como vitaminas e minerais, carregam diversas substâncias químicas, como corantes e conservantes. Essas substâncias, em excesso, podem levar a outras reações adversa.

Em curto prazo, as “tranqueiras” podem levar à desnutrição, fazendo com que a tolerância ao tratamento seja menor. Ou seja, o jovem pode ficar fraco e não responder conforme esperado à terapia, sendo necessário alterar as estratégias antineoplásicas.

Já a médio e longo prazo, o consumo excessivo de gordura, sal e açúcar é fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis no adulto. Como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e obesidade.

Qual quantidade desses alimentos pode ser consumida por dia?

Seguindo a pirâmide alimentar infantil, a ingestão diária máxima de açúcar adicionada à alimentação de 2 a 18 anos não deve ultrapassar 25g/dia. Equivalente a seis colheres de chá por dia.

Lembrando que uma porção de 20g de bala mastigável, por exemplo, pode conter até 19g de açúcar. Já um copo de refrigerante tipo cola pode chegar a até 17,4g de açúcar.

O consumo de sódio não deve ultrapassar 1500mg por dia, o que corresponde a 4g. Um pacote de macarrão instantâneo possui, em média, 2068mg de sódio; uma salsicha tem 575mg e molhos prontos, 340 mg.

Quanto aos lipídeos, ou gorduras, não devem ultrapassar 30% das necessidades nutricionais daquela pessoa. Porém, o ideal é que essas gorduras venham de fontes saudáveis, como azeite extravirgem, abacate, castanhas e sementes oleaginosas. Em vez de serem originárias de embutidos, frituras, recheio de bolachas e afins.

O que o paciente infantil deve ter na sua alimentação?

Não há nenhum alimento ou tipo de alimento que possa, sozinho, fornecer as calorias e nutrientes que o metabolismo exige. Assim, é necessário inserir na alimentação dos jovens uma grande variedade de comida. Para entender qual o tipo mais adequado para aquele paciente é feito uma análise do seu estado nutricional, suas preferências e quais pratos ele não gosta, e os hábitos.

Os sinais e sintomas decorrentes do tratamento oncológico, embora comuns a grande maioria dos pacientes, variam. Dependem das características individuais, sua tolerância aos medicamentos, seu diagnóstico diferencial e ao tratamento como um todo.

Por exemplo, dois jovens com a mesma idade, tipo de câncer e tratamento semelhantes. Eles podem apresentar desnutrição em intensidades diferentes e isso pode ocorrer tanto devido ao tratamento quanto ao estado nutricional daquele paciente antes do diagnóstico. Por isso é necessário realizar a avaliação individual.

Quais alimentos que ajudam no tratamento do câncer infantil?

A dica número 1 e que vale para auxiliar a amenizar vários efeitos colaterais relacionados à alimentação, é manter-se hidratado! Além da própria água, os sucos são uma ótima opção. Principalmente os de laranja, limão, tangerina, acerola, abacaxi e maracujá, com um pouco de hortelã ou gengibre. Outra opção é fazer geladinhos, picolés, frozen e iogurtes com essas frutas.

Dentre os alimentos para enjoo encontra-se o limão, que pode ser consumido conforme mencionado acima. Ou ainda, como um tempero para a comida, pingando algumas gotas do seu suco no prato.

Apenas deve ser evitado o consumo de limão se o paciente estiver em quimioterapia com drogas tóxicas à mucosa gastrointestinal. Bem como na vigência de aftas/feridas orais ou gastrointestinais.

Outras formas de diminuir as náuseas são:

- Aumentar o fracionamento da dieta, reduzindo o tamanho das porções,

- Evitar jejuns prolongados;

- Dar prioridade a alimentos mais secos, como torradas, biscoitos;

- Evitar excesso de líquidos com as refeições; 

- Preferir alimentos com temperaturas mais frias/geladas (picolés, sucos de frutas, geladinho de frutas, bebidas gasosas são bem toleradas;

- Evitar alimentos muito doces, preferir os cítricos, pois aumentam a salivação;

- Evitar alimentos fritos, gordurosos, pois exigem maior esforço digestivo;

- Fazer refeições em ambiente calmo e tranquilo e livre de odores

- Tomar os remédios contra enjoos e vômitos conforme orientação médica e não somente quando apresentar os sintomas.

- Alimentos para diarreia

Alguns alimentos para diarreia ou outras alterações nas fezes são os sem gordura e condimentos. Como arroz, batata, cenoura, chuchu, frango, banana maçã, maçã sem casca, caju e goiaba.

A dica da hidratação vale para esses casos também, porém recomenda-se preparar os sucos com frutas que diminuam a diarreia. Por exemplo, caju, goiaba, maçã, limão. Também podem ser utilizados isotônicos ou soros, chás e água de coco.

Para esses casos, alimentos gelados e pastosos podem satisfazer melhor o paciente.

Caso ocorra persistência do quadro, ou piora clínica, como desidratação, procure o serviço de referência imediatamente.

Essas dicas também podem ajudar a diminuir a alteração do paladar, podendo fazer com que a alimentação infantil seja facilitada.

Os jovens necessitam de um olhar um pouco mais íntimo em virtude da própria característica da adolescência, com as mudanças comportamentais e físicas intensas desta fase. E se não estivermos atentos, podemos deixar passar situações que poderiam ter sido resolvidas antes de tornarem-se mais graves.

 

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